Não exclua as marcas de automóveis tradicionais do Brasil, apesar da tendência VE
By Daniel Bland, Fevereiro de 2024
A indústria automobilística no Brasil está evoluindo em meio à introdução de novos modelos movidos a eletricidade, mas não espere grandes movimentos no país em 2024.
A maioria dos principais lançamentos de modelos de automóveis já ocorreu no ano passado. Haverá novos anúncios este ano, mas eles não são tão relevantes em termos de vendas e não devem impactar muito o mercado geral, de acordo com Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios no Brasil da empresa internacional de business intelligence automotiva Jato Dynamics.
“Independentemente das novas tecnologias introduzidas no mercado, como os veículos híbridos e elétricos (VE), os anúncios de renovação e o abandono de alguns modelos, o domínio das três marcas líderes [Fiat, Volkswagen, Chevrolet] não será superado em 2024 e não é provável que ocorra tão cedo", disse Kalume ao Fleet Mobility Today.
O Brasil possui a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo, é capaz de produzir energia elétrica absolutamente limpa e farta, ideal para veículos elétricos a bateria (BEVs), segundo Ricardo Bacellar, Conselheiro Consultivo para a indústria da mobilidade.
No entanto, “o Brasil também tem inúmeras alternativas de biocombustíveis, o que curiosamente o posiciona como um país ideal para a longevidade dos motores de combustão, ao mesmo tempo que promove a descarbonização”, disse o Sr. Bacellar ao Fleet Mobility Today. Marcas de Automóveis Fiat, Volkswagen e Chevrolet estão no top 3 desde 1991, representando atualmente mais da metade do mercado, e não há dúvida de que essa tendência continuará considerando que a candidata ao 4º lugar (Toyota) está 6,3 pontos percentuais abaixo da Chevrolet , disse o Sr. Kalume. Marcas mais vendidos
Jato Dynamics
Quanto aos segmentos, as SUVs e picapes grandes tendem a ser o segmento de relevância em relação ao aumento de emplacamentos mais uma vez. A questão da eletrificação ainda está presente em nosso mercado mas com a introdução dos novos impostos de importação, a tendência é que os números não repitam 2023 pelo aumento dos preços.
Não deixará de haver lançamentos nestes segmentos mas igualmente não trarão tanto impacto nos números do ano. BYD e GWM ainda causarão impacto no mercado brasileiro em 2024, disse Kalume.
Os prós e os contras
Embora o Brasil seja muito promissor quando se trata de opções limpas tanto para veículos com motor de combustão interna (ICE) quanto para VEs, sabemos que o custo de produção dos veículos, e consequentemente seu preço de venda, tem subido muito desde a pandemia por motivos mais que justificados.
Porém, a renda média do brasileiro é muito baixa e os juros praticados no mercado são muito elevados, o que tem a fastado um número muito grande de potenciais consumidores dos produtos e serviços da indústria.
Para piorar, os atuais resultados fiscais e econômicos do governo, bastante negativos, criam poucas expectativas de solução para estes dois problemas no curto e médio prazos.
Se a situação não mudar, o risco de o País entrar em uma recessão pode aumentar e, com isso, comprometer severamente não só o consumo dos produtos e serviços de mobilidade, mas também a operação da própria indústria, segundo Bacellar.
Mesmo assim, o assessor destacou oportunidades no Brasil. O Brasil possui uma população muito grande, de perfil relativamente jovem, e reconhecidamente forte consumidora de tecnologia. Dado que os veículos têm assumido características cada vez mais tecnológicas, o potencial de sucesso destes produtos é imenso, se resolvidos seus pontos fracos
Por último, Bacellar disse que Brasil tem dimensões continentais e muita carência de soluções adequadas de mobilidade na maior parte de seu território, tornando-se um celeiro de oportunidades principalmente para serviços de mobilidade.